O pensador cristão C. S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia e outros clássicos, escreveu: “Os homens que foram mais relevantes e operosos são os que viveram a pensar na vida futura. E os que viveram a vida sem pensar no Céu foram os que menos realizaram de relevante para mudar a sua geração”.
Desse modo, aprendi a pensar, não nas coisas da terra, coisas grandes demais para mim, mas permanecer com o foco voltado para o Céu, pensando “nas coisas lá do alto, onde Cristo vive” (Cl 3.1,2), pois entendo que somente isso é que dá pleno sentido à existência. A questão que sempre ronda a minha mente, da qual jamais procuro fugir, é sobre o que realmente é valioso na vida.
Em respondê-la, deparo-me com a razão que dá sentido ao que realizo e dignifica a posição que ora ocupo, assim como um farol a me mostrar se o caminho trilhado está de acordo com o que Deus requer de mim. A minha resposta é simples. O que vale a pena para mim é ocupar-me das coisas que têm a marca do celestial, ou seja, que servem primeiro ao propósito do Céu. Nada do que faço terá valor algum se não trouxer essa marca.
Isso pode parecer antiquado, mas é assim que enxergo a vida. Só me interessa dar prioridade àquilo que estava na agenda de Jesus, ao que Ele falou e fez. Sendo o Verbo divino, parece ter dito muito pouco, embora tenha falado tudo aquilo que precisávamos ouvir. Por isso, tenho me voltado intensamente para os Seus ensinamentos, principalmente ao conhecido Sermão do Monte. Eu me pergunto: que mundo teríamos se agregássemos integralmente esses valores à nossa vida?
Jesus falou que os mansos herdariam a terra, mas o que vemos são os poderosos, pela bala ou pela manipulação da justiça, tomarem para si o naco dos fracos e indefesos.
Jesus falou em humildade, mas só vemos as pessoas se promoverem na busca de fama, riqueza e poder.
Jesus disse que os famintos e sedentos de justiça seriam fartos, mas o que vemos de injustiça ainda não nos remete a isso.
Jesus indicou que os puros de coração veriam a Deus, mas sabemos que no mundo, quiçá nas igrejas, pouco resta de pureza que nos remeta a esse encontro.
Desse modo, será que Jesus era um idealista simplório que pregava o inalcançável? Aconteça o que acontecer, porém, vou continuar crendo no que Jesus falou, pois mesmo sabendo que os Seus ensinamentos na prática tenham pouca relevância para a maioria das pessoas, um dia o mundo verá que Ele tinha razão.
Quero manter, portanto, a mesma tenacidade de fé do profeta Habacuque, que disse: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18).
Gosto de me ocupar com as coisas que têm valor no Céu. Assim como a oração, o jejum e a palavra de Deus tinham um lugar especial e único na agenda de Jesus, quero que esses pontos sejam também essenciais na minha vida e na vida normal da Igreja.
Se fizermos desses ensinamentos de Jesus a parte principal da agenda das nossas vidas, eles poderão produzir grandes frutos espirituais e nos manterão atentos ao cumprimento da vontade de Deus e inteiramente focados nas coisas do Céu.
A constância da nossa oração expressa o grau de nosso relacionamento com Deus. Na oração, podemos adorá-lo, louvá-lo e agradecê-lo; podemos também confessar, suplicar e interceder. No jejum, expressamos o grau de nossa estatura espiritual diante de Deus. Em vez de procurar barganhar e despojá-lo de algo, nos entregamos e nos despojamos de nós mesmos para obtermos mais Dele.
Quando nos mantemos focados nas coisas do Céu, procuramos nos esvaziar dos nossos motivos egoístas e razões absurdas, para nos enchermos do conhecimento de Sua perfeita vontade e sermos capacitados do poder para realizá-la. Sabemos que é isso o que interessa ao Céu: a palavra, a oração e o jejum, os quais nos ajudam a sermos mais santos e menos mesquinhos, mais úteis e menos fúteis na vida, pois na sua prática nos encontraremos mais próximos do coração de Deus e das coisas do Céu.
Focar a existência nas coisas do Céu ajuda a arrumar a nossa vida. Isto porque Deus colocou a eternidade no nosso coração (Ec 3.11). É por isso que a vida perde o sentido se só pensamos nos valores terrenos e efêmeros. Pense nas coisas do Céu!
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