Deixe-me dizer, primeiramente, que a frase “aquietai-vos”, no contexto desta mensagem, significa: Ficai Boquiabertos, mas, também, quer dizer: não murmureis!
Leiamos inicialmente o livro de Êxodo 13.17
Vejamos antes de tudo, uma breve contextualização da História de Israel: A Bíblia relata que após a morte de José no Egito levantou-se outro Faraó que não o conhecia, e que não conhecia os seus feitos, nem muito menos, sua família. O novo Faraó sentindo que o povo Hebreu, que habitava o Egito, poderia lhe ser uma ameaça, pois era povo numeroso e crescia rapidamente; podendo se voltar contra o próprio Egito no futuro; decide escravizar o povo Hebreu (Êxodo 1.8-14).
Contudo, a escravidão do povo Hebreu já havia sido predita pelo Senhor a Abraão (Gênesis 15.12-14). Os eruditos da Bíblia dizem que a escravidão já estava determinada, como conseqüência dos pecados do Patriarca. Na ocasião, Abraão desceu com Sara, sua mulher, ao Egito, por causa da fome que assolava a região de Canaã. Chegando ao Egito, e com medo dos habitantes e de Faraó, o patriarca conta uma meia-verdade (= mentira) aos egípcios. Apesar de Sara ser realmente sua meia-irmã; a atitude de Abraão tornou-se repreensível, pois o seu intento era enganar ou ludibriar, e também, fugir das conseqüências de ser esposo da matriarca. A palavra de Deus nos ensina que, nossa palavra deve ser: sim, sim ou não, não; e ainda diz mais: o que passar disto é de procedência maligna (Mateus 5.37). A palavra neste ponto é radical, justamente, para que não deixemos brecha ou dúvida sobre nossa palavra ou nossa conduta.
A primeira conseqüência da “meia-verdade” é que Faraó toma Sara por mulher, sendo impedido, porém, por Deus de lhe tocar (Gênesis 12.17-19). A segunda conseqüência é a escravidão dos seus descendentes no Egito; provavelmente, como conseqüência (espiritual) da situação gerada pelo pecado de Abraão.
Este fato reflete a verdade de que Deus nos livra ou nos dá força para vencer o pecado, contudo, uma vez que pecamos, Ele não nos livra da conseqüência; não porque não possa, mas, sim porque, o próprio Deus estabeleceu um princípio, uma lei, chamada: “Lei da semeadura”; ou seja, o que o homem plantar, isso colherá (Gálatas 5.6/ 2 Coríntios 9.6).
Pois bem, entremos na mensagem…
Após 430 anos de escravidão, Deus cumpre sua promessa feita a Abraão, que libertaria o seu povo (Gênesis 15.12/ Êxodo 3.6-8). Antes, porém de Deus libertar o povo Hebreu, precisava saber: para onde iriam, por onde iriam e como iriam?
Êxodo 13.17 relata um fato intrigante: Para chegar à grande promessa de Deus, haveria de ter um preparo; não seria de qualquer maneira. O versículo em questão relata que, ao invés de levar pelo caminho mais curto, Deus, fez o povo rodear pelo caminho do mar vermelho, e na mesma passagem, o autor de Êxodo declara a razão disto. Além da razão que declara o texto, nitidamente, podemos observar outra razão:Para se manifestar o grande poder de Deus!
Deus precisava forjar o caráter de um povo que durante 430 anos fora escravo. Tinham a mentalidade de escravos. Deus precisava prepará-los para a guerra que enfrentariam; precisavam tornar-se guerreiros; precisavam aprender mais de Deus.
Os versículos 21 e 22 mostram o cuidado de Deus durante toda a peregrinação do povo.
Pulando para o capítulo 14.1-4 (de Êxodo), vemos uma estratégia nada convencional de acordo com sabedoria humana.
Em suma, a estratégia de Deus declarava que, o povo, uma vez libertos do Egito, deveria rodear pelo caminho do mar vermelho, dando a impressão para os Egípcios e a Faraó, que eles estavam perdidos e confusos. Além disso, Deus pediu para o povo retornar (Cap. 14.1-3) e se acampar não muito distante da vista de faraó; assim, ele seria tentado a perseguir o povo Hebreu.
Muitos não creram, muitos blasfemaram e muitos se desesperaram. Não compreenderam os pensamentos e os caminhos de Deus (Isaías 55.8,9); Talvez, muitos tenham pensado: é loucura! (1 Coríntios 2.14).
O clímax desta situação se encontra quando faraó decide perseguir o povo. O povo por outro lado, sem ter para onde escapar, vai de encontro ao mar vermelho. Parece não ter escapatória! Diante dessa situação, diante da pressão a que foram submetidos, o povo, bem como Moisés levantaram um clamor angustiante a Deus. E o Senhor responde: “aquietai-vos!” e ainda: “… dize aos filhos de Israel que marchem” (Êxodo 14.15).
A História do povo Hebreu, os filhos de Israel, prefigura, em muitos detalhes, a vida de cada Crente fiel a Deus. Somos provados; afligidos; preparados para encontrar as promessas; estamos em fase de transição: éramos escravos! Somos livres agora! Muitas vezes, levados ao limite da nossa fé; somos confrontados em nossa sabedoria e sobre o que julgamos ser o certo. Precisamos aprender muito mais de Deus. “Em todas essas coisas, porém, somos mais que vencedores, em Cristo” (Romanos 8..37).
Quando Deus nos pede para nos aquietarmos é, primeiro, pelo fato dele não querer que nós atrapalhemos seus planos; pois constantemente nós, tomamos a frente de Deus, e queremos agir ao nosso modo. Segundo, aquietai-vos, pois, muitas vezes, não há nada que possamos fazer. Temos que reconhecer que há situações que fogem ao nosso controle; nessas horas devemos entregar tudo nas mãos do Senhor. Aquietai-vos não quer dizer: fiquemos parados e relaxados! Antes, significa que temos de depositar nossa fé e esperança em Deus, esperando as suas ordens e estratégias para vencer. Crendo sempre, como disse o Apóstolo Paulo: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar, em Cristo…”
A palavra final de Deus para os Hebreus é a mesma que é dada para você, hoje: “Não temais, estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará”.
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