Em conversa com seu filho de quatro anos, a mãe, grávida, comunica que ele brevemente ganhará um irmãozinho. Perguntada sobre a procedência dos bebês, a mãe tenta mascarar a situação dizendo que eles vêm do Céu. O esperado bebê finalmente nasce. Certo dia, ao escutar um barulho estranho vindo do quarto dos meninos, ela corre para ver se eles corriam algum perigo. No quarto, a mãe encontra o filho mais velho balançando intensamente o berço e gritando ao recém-nascido: “Maninho, diga como é o Céu, diga logo, antes que você esqueça”.
Esta anedota pode até parecer excêntrica, mas tem algum sentido e traduz uma relativa verdade. De certa forma, todos viemos do Céu. A Bíblia diz que, ao morrermos, o nosso corpo volta ao pó e o espírito volta a Deus, que o deu (Ec 12.7). Que o nosso corpo vira pó, ninguém duvida. Isto é uma clara evidência bíblica de que fomos feitos pelas mãos do Criador, segundo está escrito: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 1.7). A palavra hebraica traduzida como “fôlego” é a mesma para “espírito”. Assim, o que nos torna essencialmente diferentes de todos os outros animais veio da parte do próprio Deus: o nosso espírito.
Ora, se viemos de Deus, por que não nos lembramos de nada do Céu? O que justificaria, então, a fome humana pelo sagrado? Por que todas as pessoas, de todas as culturas, sem exceção, de alguma forma tentam através da religião se comunicar com a Divindade? Talvez essa busca seja mais bem identificada pelo que disse o filósofo Blaise Pascal: “Há no coração do homem um vazio tão grande que só Deus pode preenchê-lo”.
Vamos começar, portanto, do princípio. A Bíblia diz que Deus criou o homem e a mulher perfeitos e mantinha com eles uma constante comunhão.
Para que haja comunhão, convenhamos, é preciso ter conhecimento mútuo e intimidade. Assim, o relacionamento do primeiro casal com Deus, mais do que o aparentemente físico podia permitir, era também profundamente espiritual. Havia uma ligação íntima entre o espírito humano e o Espírito de Deus, de um modo especial, como só o conhecimento profundo e mútuo produz. É por isso que podemos dizer que o homem “conhecia o Céu”.
Quando o homem caiu em desobediência e pecou, seu espírito entrou em estado de morte, ou seja, perdeu não somente o contato com o Criador, mas também a possibilidade de estar em Sua presença santa.
Foi por isto que Jesus veio ao mundo, para redimir a raça humana. Tendo morrido na cruz pelos nossos pecados e ressuscitando dentre os mortos, tornou-se o Salvador de todos os que, através Dele, se chegam a Deus. Esse foi o caminho proposto pelo próprio Deus para vivificar o espírito humano, possibilitando a nossa salvação e o retorno da comunhão íntima com Ele.
Essa ação de vivificar é também chamada de novo nascimento. No encontro que teve com o líder fariseu Nicodemos, Jesus lhe disse: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Quando Nicodemos perguntou-lhe como um homem poderia nascer, sendo velho, se voltaria ao ventre materno para nascer uma segunda vez, Jesus retrucou: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” (Jo 3.3-7).
A possibilidade do novo nascimento estava predita na Palavra: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36.26).
Dessa feita, quando alguém entrega sua vida a Jesus, recebe de graça o perdão dos pecados e tem o coração transformado. Está escrito: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). Deus nos dá um espírito novo, que volta a ter comunhão com Ele.
Há um fato comum a todos os crentes nascidos de novo: têm “saudade do Céu” sem jamais terem estado lá fisicamente. Por quê? A resposta talvez esteja no fato de que, embora a mente não possa explicar essa realidade, o espírito vivificado sabe que um dia retornará ao lar de onde partiu: o Céu que não pode ser esquecido.
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